domingo, 24 de março de 2013

Pensamentos...


Pensei em um prisma. Lembrei-me do dia internacional da mulher e da coincidência da experiência militar desta última semana - a famosa instrução de campo. Três coisas assim não passam pela memória à toa. Senti a necessidade de unir as três pontas deste triângulo cognitivo.
Primeiro o prisma: revela o que nossos olhos humanos são incapazes de ver. E como a luz branca, composta das sete cores do arco-iris, a alma da gente revela 7 personalidades. Estas, interligadas pelo fluido vital, compõem o homem que conhecemos. E não acaba aqui: formado de várias faces, o prima representa também a nossas habilidades, ora mais, ora menos aparentes, de acordo com a necessidade do momento.
Contraditoriamente, militarismo e feminilidade andam bem distantes. Cabelos bem presos, sem brincos, de coturno e sem maquiagem, nós mulheres somos obrigadas a marchar, rastejar alto e baixo, seguir orientações por carta ou bússola, montar tenda, desmontar acampamento e tomar banho de 3 minutos. E, apesar de contraditório, é neste momento que nos mostramos mais femininas que nunca: aflora nosso espírito de proteção do grupo e solidariedade com os amigos. E, claro, atrasamo-nos muito para trocar de roupa e melhorar o aspecto da farda (a esta altura, quase inutilizada pelo barro)...

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Tempos Modernos




Não queria escrever sobre como o mundo anda perdido e sobre como não existe mais respeito aos mais velhos, aos valores morais e aos relacionamentos afetuosos. Acredito na evolução do tempo, na mudança dos hábitos e no autorrespeito.  Acredito que as atitudes atuais apenas refletem a necessidade de readaptação, uma vez que o sofrimento, reflexo dos velhos hábitos, moldaram a postura e principalmente o coração das pessoas...
Vejamos bem, quando falamos sobre o amor. O que mais escuto das mulheres da minha geração e de gerações próximas é que as mesmas não desejam se casar- ou até mesmo- que não se permitem mais amar. Como sou um pouco démodé, acreditava, antes do meu divórcio, que o elas diziam era da boca para fora, pela “falta de sorte” de não encontrarem alguém especial e compreensivo. Mas, depois de minha própria decepção amorosa, julgo-as, então, detentoras de uma sensibilidade que não desenvolvi desde nova. Como não considerar que, ao agir pensando mais em si, tais mulheres não se pouparam da dor da desilusão ou do fracasso da separação conjugal?
A dificuldade reside na readaptação: criada para casar-me e ter filhos, chego aos meus belos e tenros 31 anos sem esta perspectiva de futuro. A resiliência, tão necessária para a retomada de minha trajetória de vida, obriga-me a repassar os meus conceitos e a revisá-los. Devo, portanto, focar-me mais no meu trabalho e carreira, no amor dos meus familiares e amigos e nas lembranças dos pequenos momentos felizes. Desde então, minha maior vitória foi amar novamente: de uma maneira nada egoísta, leve, sem grandes expectativas... Talvez, a única lembrança feliz que possuo nestes últimos dias...
Por fim, o que me ficou mais claro foi a necessidade de respeitar-me e conviver com as diferenças. Ser feliz neste tempo moderno...

domingo, 7 de outubro de 2012

A debutante



O que dizer sobre 15 anos? Uma medida de tempo? O espaço de 3 gerações? A maturidade de uma menina? Os melhores momentos de sua vida?
Hoje “estou” debutante pela segunda e última vez. Porque continuo pensando e ainda me dói. Ou, talvez, porque não compreenda todos os detalhes da cena final.
Seja como for,  como  uma debutante,  é tempo de recomeçar...

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Carta Precatória



E, voilà! A palavra de hoje é Precatória. Aprendemos mais um termo jurídico, indispensável para você que busca seu divórcio como água no deserto, já que o seu ex-cônjuge se foi, antes tarde do que nunca, “praputaqueupairilll” de outro estado. 
Já que é para não perder o bom humor:
-Você poderia repetir a palavra? – Perguntou a candidata ao prêmio
-Sim – respondeu o professor- PRECATÓRIA
-Hummm. Poderia me dar uma aplicação na frase?- Retrucou a aluna, com uma certa insegurança no olhar.
-Mas claro- respondeu o atento professor- “A oficiala de justiça a procurou em casa para entregar-lhe a carta precatória de São Paulo”.
-Certo. Quero o seu significado- Diz a garota, com ar de vitória.
- É um instrumento utilizado pela Justiça quando existem indivíduos em comarcas diferentes, em que a diligência nela requisitada tem de ser cumprida por juiz da mesma hierarquia – Diz o discente, sem titubear.
-Precatória- repete a estudante- P-R-E-C-A-T-acento agudo-O-R-I-A!
-Correto! Você ganhou o concurso- Parabeniza feliz o mestre!

Sou médica. E como bom médico, avessa às questões jurídicas. Para ser honesta, diria que tenho medo dos homens de capa preta, que diferentemente do Zé Murieta* da minha infância, podem fazer muito mal a você, que está quietinho no canto, sem atazanar ninguém.
Quando ouvi recentemente o termo “carta precatória” o que me veio à mente foi a CPI dos precatórios, instaurada em 1997, época em que eu não pensava em casamento, quanto mais em divórcio, e que tudo parecia muito esquisito na política do Brasil. Contudo, apesar da discussão do senado, precisei inteirar-me do assunto para negociar sobre o meu envolvimento com a vara de família do estado de Minas Gerais.
Seja lá como for, considero as três cartas que circulam com meu nome a representação típica de um triângulo amoroso: sabe a história de José que amava Maria que amava João? Então! Era Minas que procurava por São Paulo, que havia se mudado para Brasília. Ai,  foi Minas procurando por Brasília, enquanto São Paulo resolveu colaborar e procurar por  Minas, mas óbvio, fora de hora, de propósito e de bom-senso, como já era esperado por Minas...
Entre pão de queijo, pizza e sabe-Deus-lá-o-que-se-come-em-Brasília, fico eu a esperar... Pela decência de quem nunca foi fiel; pela justiça dos “homens da capa preta”;  pela minha paz, que a muitos meses foi-me roubada;  e pela reação da vida, já que, segundo Newton e André Luiz, para toda força existe uma reação de igual intensidade e sentido oposto. Portanto, certamente, ainda receberei de recompensa tudo que ofertei de bom um dia. E de ruim também!








*Zé Murieta, o homem da capa preta-Autor: Sypriano, Lilian; Martins, Cláudio Editora: Formato






domingo, 16 de setembro de 2012

Carta de Agradecimento



É estranho justificar porque me tornei médica. Acredito que, apesar de tudo, nasci destinada a cuidar. Nunca tive dúvidas de que seguia o caminho certo para mim. Desde pequena a resposta estava na ponta da língua: “vou ser médica”.  E apesar de parecer uma conquista difícil e desgastante, aconteceu de forma natural... vestibular concorrido, trote exaustivo, aulas de anatomia, fisiologia, patologia, cirurgia, internato... colação de grau! 6 anos inteiros em uma linha desta prosa! No entanto, não tão simples quanto o descrito, nem tão complicado como aparentou a você leitor, esta sucessão de acontecimentos, aos poucos, moldou minha forma de pensar, de agir e de avaliar a vida. Foi com a angustia pelo resultado do concorrido concurso, o medo de encarar o primeiro cadáver no anatômico, a curiosidade de descobrir como funciona o corpo do homem, a admiração com a qual apreciei os mínimos detalhes de uma célula humana, a ansiedade de entrar em um hospital pela porta de serviço, a vaidade em acertar o primeiro diagnóstico, a felicidade ímpar de acompanhar a alta de um paciente e a gratidão em ser diplomada bacharel em medicina que aprendi a dar valor à vida humana. Assim, cada vez que olho para um paciente, todas estas emoções descritas inundam meu coração e é por todas elas que busco exercer o meu ofício da melhor maneira possível. Jurei, perante meus amigos e meus pais, que seria responsável por zelar da vida, da honra e da sociedade da forma mais honesta que há.
         Escuto de muitos profissionais, médicos ou não, que o que os tornam infelizes no exercício de sua carreira não são os baixos salários, a distância de casa ou as intempéries do dia-a-dia, mas sim a falta de reconhecimento de seu esforço e dedicação. Eu, que trabalhei por 5 anos na 3ª maior cidade do mundo, em meio a 18 milhões de pessoas, recebendo bons salários e condições de trabalho satisfatórias, sentia-me incompleta. Trabalhei, estudei, pós-graduei-me em Medicina do Trabalho (o que poucos sabem) e mesmo assim, depois de passar por experiências profissionais de se invejar muitas pessoas, parecia que eu havia perdido os meus objetivos mais íntimos...  Todavia, a roda viva da vida girou e fui transportada da av. Paulista para a rua Sinhô Candinho! E eu só esperava sinceramente que um dia Deus me explicasse de verdade o que estava acontecendo na minha vida...
  Saber da existência de um abaixo-assinado em prol de sua presença no trabalho é gratificante. Saber que alguém leu a proposta e assinou, mais que reconfortante. Agora, ter 675 assinaturas em apenas 3 dias, é algo magnífico, assustador e desconsertante! É maravilhoso poder bater a mão no peito e dizer: fiz o trabalho certo! Muito abrigada, de coração, amigos chacarenses, por tamanha manifestação de carinho. A vida me provou, mas uma vez, que honestidade e boa-vontade não faz mal a ninguém...

"Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação,
diga ao povo que fico". (D. Pedro I em 09 de janeiro de 1822)


quinta-feira, 12 de abril de 2012

New York, New York

   Estou cansada. Voltei dos Estados Unidos, após duas semanas muito diferentes das demais semanas que constituíram os 30 anos da minha vida.
    Realizei outro sonho. Viajar para Nova Iorque. Mas acho que banalizo esta história de sonhar... Isto é, de duas opções, uma: ou sou fácil de se fazer feliz, ou apenas considero importante fatos inexpressivos aos olhos humanos. Seja pela falta de ambição ou pela cultura limitada. No entanto, quaisquer das óticas citadas, resume-se a minha pobreza momentânea de espírito.
     Não sei o que querer agora. É desconfortável ser o modelo das pessoas que nos cercam. Ser um espelho para aqueles que nos rodeiam. Desta maneira, cresce uma responsabilidade sobre o que se fazer. Passei a ser um arquétipo para familiares e amigos. Assim, perdi o referencial da moda, nesta brincadeira...
    Quanto a NYC, o passeio foi legal. Só legal. Certa vez, ainda moleca, viajei para Cabo-Frio, Região dos Lagos do estado do Rio de Janeiro, pela enézima vez com meus pais, irmã e um namorado. E sabe o que aconteceu? Foi mais interessante do que realizar este sonho que vos falo...
      O que faltou em Nova Iorque?
      O que me falta agora... a quintessência. Fora-me roubada.
    Quanto a novos sonhos, no momento não tenho nenhum, mas acredito que eles voltarão. Como " las bruxas"- no creo, pero que las hay, las hay...